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Os cinco erros que as pessoas mais cometem

Listo cinco erros que mais ouço e vejo no dia a dia.

  1. Assisti o filme. Quase todo mundo fala ou escreve assim. Mas o correto é assisti ao filme. Trata-se um verbo transitivo indireto. Até existe a forma direta, quando indica que uma pessoa está sendo assistida (no sentido de ajudada), mas raramente é usado o verbo nesse sentido.
  2. Esse trabalho é para mim fazer? Essa é para deixar o interlocutor intrigado. Nesse caso o pronome eu exerce a função de sujeito. O correto é para eu fazer, antes do verbo.
  3. Haviam três pessoas na sala. O verbo haver no sentido de existir não se flexiona e nesse caso o correto é “Havia três pessoas na sala”. Cuidado que você pode tentar fugir do verbo haver e escrever “Tinham três pessoas na sala”. Na norma culta também é inconveniente usar o verbo ter (mais adequado para indicar posse) no lugar de haver (existe).
  4. Fazem três anos que a pessoa mora na casa. Esta oração tem o erro de flexionar o verbo fazer, no sentido de tempo decorrido. Neste caso trata-se de um verbo impessoal, usado na terceira pessoa do singular. O correto é “Faz três anos que a pessoa mora na casa”.
  5. Este erro é mais comum. Ele morava na casa há três anos. Morava é o verbo no pretérito imperfeito do indicativo. Logo o verbo haver tem que estar no mesmo tempo verbal e fica assim: “Ele morava na casa havia três anos”. O verbo precisa estar flexionado no mesmo tempo verbal. Se o verbo morava estivesse no presente ficaria: “Ele mora na casa há três anos”.

Os erros cometidos na fala do senador

Essa expressão faz parte de um grande lote de frases prontas e que estão no nosso inconsciente (ou consciente) e que usamos sem dar conta do seu peso semântico.

Gramaticalmente dizer “Se ponha no seu lugar” está errado. A língua culta pede que não comecemos uma frase com um pronome oblíquo átono. O correto é “Ponha-se no seu lugar”. No dia a dia escrevemos “Te ligo mais tarde”, mas está errado. Escreva “Ligo para você mais tarde”

Outro aspecto é semântico. A frase pede que a pessoa volte ao seu lugar, não ao lugar geográfico, físico, mas ao seu espaço social, ao seu lugar na sociedade.

Quem coloca a frase pede geralmente que a outra pessoa volte “à sua pouca significância”.

Mudando um pronome na frase muda tudo. “Ponha-se no meu lugar”. Neste caso pede ao interlocutor uma reflexão sobre a situação, transformando-se em uma expressão com sentido empático.

Detalhe é que a frase foi usada por um senador dirigindo-se a uma ministra. Neste caso carrega ainda uma conotação misógina, machista.

Outro aspecto é que o verbo “ponha-se” está flexionado no imperativo, que etimologicamente remete ao latim “imperativus”, a mesma raiz de imperador, que é quem manda.

Por sinal, se trata de uma peculiaridade da nossa língua portuguesa. Usamos imperativos sem nenhum pudor. “Entre por aqui”, “Traga um refrigerante”, são expressões comuns.

Depois o senador disse que não queria dizer exatamente aquilo. E talvez até não tivesse mesmo a intenção e usar uma frase com potencial de uma agressão dura. Mas em análise do discurso, como defendia Michel Pêcheux, é pouco relevante se a pessoa pretendia ou não dizer, mas sim os efeitos de sentido provocados. E neste caso foram bem negativos.

Ainda mais em uma casa chamada Senado, que vem do latim senãtus, que significa conselho dos anciãos, dos sábios, de quem (em tese) detém não só o poder, mas também a sabedoria e o conhecimento.

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Sebastião Salgado colocou alma nas fotos

Dois detalhes marcam os trabalhos de Sebastião Salgado, o economista que encantou o mundo da fotografia.

O uso do preto e branco era uma estratégia para não incluir cores nos cenários que deveriam ser escancarados, como nas fotografias sobre Serra Pelada e na Africa. Cenários de pobreza, conflitos e miséria.

Suas fotos exigem reflexão e contemplação.

Destacam-se ainda os olhares nas fotos de Salgado. Os especialistas destacam que no quadro de Mona Lisa, pintado por Leonardo da Vinci, um dos aspectos relevantes é o olhar da pessoa retratada, como que se houvesse um diálogo entre o representado e quem o contempla. E isso se repete em muitas fotos de Salgado, o que o coloca o fotógrafo entre os mais competentes do mundo na arte de dar alma às fotografias.

Os travessões – nos textos

Nunca fui muito fã do travessão em textos jornalísticos. Na minha opinião, eles quebram a velocidade da leitura.
No blog do jornal New York Times, o editor do manual de estilos, Patrick LaForge, defende que seu uso excessivo pode “encher a paciência dos leitores”.
Porém – em textos literários – há quem adora, como substituto das vírgulas e dos parênteses.
Nas redes começaram a surgir discussões sobre o fato de que seria uma marca do uso de Inteligência Artificial. Ou seja, não seria um texto feito por humanos.
Isto não parece ser verdade, já que há pessoas – como eu – que não gostam do travessão, mas já tive alunos que eram verdadeiros apaixonados pelos travessões.
Se isto é uma marca de que os textos foram produzidos por IA, será uma questão de tempo para ela sumir desses textos automatizados.
E deverão voltar a brilhar como brilham nos textos de quem os usa por opção e estilo, como a jornalista e escritora Eliane Brum

Os superlativos

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O universo digital está cheio de frases do tipo “o melhor”, “maior de todos os tempos” e semelhantes.

O termo superlativo surgiu no século 14. Vem do latim superlatif e era usado para descrever algo “supremo, mais excelente, elevado”

A ideia deste post surgiu a partir de uma coluna que um colega da Folha, Sérgio Rodrigues, escreveu na edição de 8 de maio, na Folha de S. Paulo, sobre os superlativos. E este jornalista é um profissional superlativo. Escreve muito bem.

Ele defende que superlativo era Machado de Assis. E diz que adjetivos desse porte não podem ser atribuídos a mitos não consolidados como o jogador Lamine Yamal.

Concordo com ele. Mas não parece ser o que pensa a Geração Z, para quem dou aulas na universidade. Para eles, “hoje é o melhor dia da minha vida” ou “este é o melhor lugar que conheci”.

Tudo para eles parece estar apenas nos extremos. Ou é o melhor ou o pior.

Os superlativos não estão apenas presentes nos títulos de reportagens como “O melhor filme de todos os tempos”, mas também em posts como “Incrível” e “Inacreditável”.

Estão presentes também de uma forma semântica, ou seja, no sentido. Como em “Mude sua vida em três dias com Programação Neurolinguística”.

Peça para os coachs não usarem superlativos e boa parte de suas mensagens sumirão.

Não há problemas em usar superlativos. Eles estão para serem usados. Mas não podemos esquecer que temos a opção de relativizar.

Creio que essa fórmula de superlativar tudo é temporária e uma hora vai cansar.

Mas enquanto for mantida, vamos relativizar que Lamine Yamal é um craque e que,  por enquanto, nada de supercraque e fantástico. Fantástico mesmo era Machado de Assis.

O discurso da influencer no Senado

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A influenciadora Virginia Fonseca, na CPI das Bets, usou vários recursos de manipulação no sentido de desvincular sua imagem de um segmento da sociedade que tem relação com histórias de frustrações e vícios, no caso as apostas.

Analisando a imagem da influenciadora na comissão do Senado pode-se observar que buscou parecer ingênua.

Em 1920 o psicólogo americano Edward Thorndike descreveu o que se chama de efeito halo. As pessoas tendem a formar opiniões gerais sobre uma pessoa com base em uma ou algumas características, sejam positivas ou negativas. E essa impressão inicial pode influenciar como as pessoas percebem e avaliam outros aspectos relacionados à pessoa.

Uma rápida busca por imagens na internet mostra que as aparições comuns de Virginia são sem óculos. Mas no seu depoimento, apareceu com óculos, que geralmente sugerem uma certa intelectualidade. Os cabelos soltos, escorridos, sem escova e a pouca maquiagem podem induzir a um aspecto de espontaneidade, naturalidade, sem o apelo sensual, comum da influencer.
A expressão mais relevante foi a roupa, um moletom com a imagem da filha Maria Flor, procurando indicar que seu personagem tem uma preocupação com a família, as crianças. O copo da marca Stanley, na cor rosa, sugere um aspecto mais feminino, porém com certo status (a marca do produto é conhecida por um alto preço). Procurou-se dessa forma transmitir uma imagem infantil, o que poderia demonstrar ingenuidade.

O uso da expressão “Que Deus abençoe nossa audiência e bora pra cima”, usada no início da sessão, trouxe várias marcas relevantes no discurso. Há uma invocação da questão divina, sugerindo um espírito cristão, religioso, mas também transformando a sessão legislativa em um evento midiático espiritualizado, e dando a este um tom informal (“bora pra cima”), mais próprio de conversas das redes sociais.

A estratégia funcionou ou não? Em análise do discurso busca-se sempre analisar quais os efeitos de sentido provocados em quem as recebe. Pelo menos por enquanto é difícil analisar como foi a recepção pela sociedade, pelas pessoas, desse discurso e suas manipulações.

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